Arquivo de Agronegócio - AGBI https://2025.agbi.com.br/category/agronegocio/ Real Assets Mon, 20 Jan 2025 17:59:22 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.2 Chicago, logística, demanda e incertezas: para onde vai o preço da soja? https://2025.agbi.com.br/chicago-logistica-demanda-e-incertezas-para-onde-vai-o-preco-da-soja/ Mon, 17 Apr 2023 19:16:16 +0000 https://agbi.com.br/?p=4066 Embora no último mês o valor do preço da saca de soja tenha fechado em alta, comparado aos valores registrados desde o início de 2023, o mês terminou com o menor preço médio em reais registrado dos últimos três anos. Estes resultados do início de 2023 vão contra o que era previsto e projetado para […]

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Embora no último mês o valor do preço da saca de soja tenha fechado em alta, comparado aos valores registrados desde o início de 2023, o mês terminou com o menor preço médio em reais registrado dos últimos três anos. Estes resultados do início de 2023 vão contra o que era previsto e projetado para o ano em curso, uma vez que estávamos presenciando aumentos constantes.

A elevação dos preços dos alimentos como um todo nos últimos anos não aconteceu apenas devido ao aumento do consumo, mas também como reflexo do crescimento das exportações e a forte pressão do câmbio. É importante ressaltar que vários fatores contribuem para a composição do valor da saca de soja, como as condições climáticas dos principais locais produtores, a oferta e demanda nacional e internacional dos grãos, além do valor cambial.

Os últimos eventos mundiais tiveram grande impacto na cotação da soja nos últimos cinco anos. A pandemia pegou todos de surpresa, acabou alavancando absurdamente a demanda e o consumo de alimentos em todo o mundo, e consequentemente os valores foram drasticamente impactados com um aumento de 30% em 2020. Tivemos problemas com logística, distribuição, e muito mais demanda do que oferta, e isso contribuiu mais ainda para as altas. Outro fator recente que atuou com grande impacto no valor dos alimentos, e da soja, propriamente falando, foi a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, uma vez que estes países estavam entre os 10 principais países produtores de soja no globo. A Rússia e a Bielorrússia (aliada da Rússia na invasão), são importantes exportadores de fertilizantes. Com isso, a guerra afetou não somente a disponibilidade de grãos, mas como também o mercado global de insumos agrícolas.

Esses acontecimentos são apenas exemplos que contribuíram para o aumento dos preços da soja e dos demais alimentos e suas oscilações nos últimos 05 anos. O gráfico abaixo ilustra a alta que tivemos nos valores da saca de soja de 2017 a 2022 no Brasil, onde o preço variou e subiu de R$ 60,00 para valores superiores a R$ 150,00.

Cotação da saca de soja dos últimos 6 anos

Fonte: Agrolink

Não obstante, o que tem chamado muito nossa atenção desde o início de 2023 é justamente a oscilação dos valores da saca de soja na contramão do que temos vivenciado nos passados 5 anos. Estudos e pronunciamentos de economistas e especialistas do agronegócio apontam que o excesso de oferta internacional do grão e a redução de consumo pós-pandemia derrubaram as cotações na Bolsa de Chicago, e isso vem agindo negativamente ao que era esperado para o mercado como um todo. Fatores como logística, impostos e taxas também têm impactado drasticamente no valor final da saca, e estamos vivenciando um período muito atípico e indefinido no mercado agro.

Soja: BRL x USD

Fonte: Indicador da Soja Esalq/Bm&FBovespa – Paranaguá: USD/BRL Investing.com

Como resultado desse cenário atípico, o mercado de opções de compra ou venda de ações futuras, no caso o mercado futuro da soja, tem sido mais procurado como a alternativa e decisão mais segura para negociar os valores das sacas de soja para os próximos meses. Esse mercado não é muito usual ou utilizado pelos produtores brasileiros, mas vem sendo mais explorado ao decorrer dos últimos meses, uma vez que se utiliza de ferramentas que possibilitam travar o valor da soja e justamente proteger o negócio das variações de preço no mercado físico.

Em resumo, o mercado da soja está passando por um período de grande incerteza e oscilações, influenciado por fatores como oferta e demanda, condições climáticas, logística, taxas e impostos, além de eventos globais como a pandemia e conflitos geopolíticos. Diante desse cenário, os produtores estão recorrendo cada vez mais ao mercado futuro da soja como forma de proteger seus negócios das variações de preços no mercado físico.

No entanto, a questão que ainda persiste é: para onde vai o preço da soja? Infelizmente, não há uma resposta clara e definitiva para essa pergunta, já que o mercado é altamente volátil e influenciado por uma infinidade de fatores. 

No curto prazo, a expectativa é que os preços da soja continuem oscilando, refletindo a incerteza do mercado e as variações na oferta e demanda. No entanto, no médio e longo prazo, é possível que os preços se estabilizem e até mesmo sofram uma queda, caso a oferta internacional do grão continue a crescer e a demanda diminua. 

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A tecnologia e a produtividade nos campos brasileiros, uma análise a partir dos grãos https://2025.agbi.com.br/a-tecnologia-e-a-produtividade-nos-campos-brasileiros-uma-analise-a-partir-dos-graos/ Thu, 06 Apr 2023 14:52:37 +0000 https://agbi.com.br/?p=4048 Muitos economistas ponderam que um dos fatores primordiais para o crescimento econômico no longo prazo de uma nação é o progresso tecnológico, no qual possibilita uma expansão na fronteira de possibilidades de produção, ou seja, leva a um aumento da capacidade produtiva. Mankiw, Romer e Weil, no artigo A Contribution to the Empirics of Economic […]

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Muitos economistas ponderam que um dos fatores primordiais para o crescimento econômico no longo prazo de uma nação é o progresso tecnológico, no qual possibilita uma expansão na fronteira de possibilidades de produção, ou seja, leva a um aumento da capacidade produtiva. Mankiw, Romer e Weil, no artigo A Contribution to the Empirics of Economic Growth, ao buscarem definir a origem do progresso, consideram uma desintegração dos componentes como:  o nível de investimento em equipamentos e máquinas; a melhoria na qualificação da mão de obra; a adoção de novas técnicas de produção; que combinados levam a maiores níveis de produtividade, ocasionando uma maior prosperidade para o país. Realizando um paralelo com a conjuntura agrícola brasileira nos últimos anos, mais especificadamente o cultivo dos grãos, é evidente a participação de fatores tecnológicos que mudaram os rumos produtivos, através da implementação de instrumentos e inovação no campo.

Grãos no Brasil

Fonte: EMBRAPA

Tomando como base o período de 1977 até o ano de 2020, observa-se que o ritmo da produção de grãos foi mais acelerado, um aumento de 406%, enquanto a área plantada apenas teve um aumento de 63%.

A adoção de utensílios tecnológicos que possuem capacidade de coletar diversos dados da lavoura em tempo real traz diversos benefícios, pois possibilita o planejamento e antecipação de riscos operacionais, visto que ao obter um conhecimento aprofundado sobre as características únicas das áreas de cultivo e o estado dos equipamentos utilizados, torna-se mais simples identificar os possíveis problemas e antecipar soluções. Além de ao conhecer as exigências específicas da plantação para cada nutriente, é possível evitar a aplicação excessiva, isso resulta em economia de combustível e mão de obra, pois reduz a necessidade de retrabalho. Estes são pequenos exemplos de práticas que auxiliam na eficiência produtiva. Vale destacar o papel fundamental da EMPRAPA e dos institutos de pesquisa que organizaram diversas frentes de estudos, como genética e melhoramento de plantas, solos e nutrição, máquinas agrícolas, entomologia (área de pesquisa que estuda os artrópodes sob todos os seus aspectos e relações com o ecossistema) e fitopatologia (ciência que estuda as doenças e seus fatores de causa das plantas), que vêm sendo integradas e abordadas de maneira multidisciplinar, que em colaboração com os produtores contribuíram com a evolução do agro como um dos principais setores da economia brasileira.

Produtividade da soja (em toneladas/ha)

Fonte: FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação)

Ao comparar a produtividade dos cinco países maiores produtores de soja entre 2011 até 2021, o Brasil se encontra disputando a primeira colocação com os Estados Unidos, reflexo do uso contínuo e eficiente do seu fator de produção mais abundante e competitivo, a terra.

Sendo assim, ao realizar uma análise empírica dos campos brasileiros a partir dos componentes citados por Mankiw, Romer e Weil, tudo mais constante, é validada a proposição do progresso tecnológico como mecanismo de transmissão da produtividade, que como resultante, promove uma agricultura sustentável que prioriza o respeito ao meio ambiente e aos recursos naturais disponíveis.

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Análise do mercado de terras e grãos https://2025.agbi.com.br/analise-do-mercado-de-terras-e-graos/ Fri, 25 Nov 2022 14:46:44 +0000 https://agbi.com.br/?p=4020 De acordo com a segunda previsão para a safra de grãos 2022/23 realizada pela Conab, é esperado mais um crescimento para a agricultura brasileira e estima-se, em termos de área de plantio e rendimento, outra safra recorde. Dependendo dos climas locais, a plantação da primeira safra está a progredir. Prevê-se um total de 76,8 milhões […]

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De acordo com a segunda previsão para a safra de grãos 2022/23 realizada pela Conab, é esperado mais um crescimento para a agricultura brasileira e estima-se, em termos de área de plantio e rendimento, outra safra recorde. Dependendo dos climas locais, a plantação da primeira safra está a progredir. Prevê-se um total de 76,8 milhões de hectares cultivados, um aumento de 3,2% ou 2,35 milhões de hectares acima da área de cultivo de 2021/22. É de salientar que o Brasil cultiva três produtos agrícolas diferentes em vários períodos do ano, dada a sua enorme área geográfica. A primeira cultura é semeada entre o final de agosto e o início de dezembro. Após a colheita da primeira cultura (principalmente da soja), a mesma área é utilizada para cultivar a segunda e a terceira safra, que totalizam 23,6 milhões de hectares e são plantadas a partir de janeiro. Portanto, 53,2 milhões de hectares são utilizados para todas as culturas.

Estima-se que o volume de produção para a próxima colheita será de 313 milhões de toneladas, o que é 15,5% ou 42 milhões de toneladas a mais do que o que foi alcançado em 2021/22. Até então a semeadura está a avançar e a evolução das culturas é o principal tema de discussão.

Em relação a soja, as projeções apontam um plantio de 43.242,3 mil hectares para a safra 2022/23 e atualmente o processo já alcançou 47,6% da área prevista. A produtividade tende a crescer 17,3% em comparação à safra anterior, atingindo 3.551 kg/ha.

Em particular, o estado do Mato Grosso se aproxima do fim do plantio apesar das irregularidades climáticas e as lavouras estão apresentando bom desenvolvimento. A área estimada de soja está em 11,76 milhões de hectares, o que representa um aumento de 5,9% em relação à 2021/22.

Evolução da produção de grãos no Brasil

Fonte: Conab

Para a safra 2022/23 a Conab estima um aumento de área plantada de 4,2% em relação à safra anterior, consequentemente, a estimativa de produção de soja em grãos para 2023 passa de 152,35 milhões de toneladas para 153,54 milhões de toneladas, totalizando um aumento de 22,3% em relação a safra de 2021/22. Estima-se que, apesar de alguns desafios climáticos, a produtividade evoluiu em 17,3% em relação à safra anterior. O aumento de área foi motivado pela manutenção dos elevados preços da oleaginosa e o pelo câmbio favorável.

Para o Mato Grosso a previsão é que sejam colhidos na safra deste ano 11,76 milhões de hectares de soja, um aumento de 5,9% em relação à colheita anterior. A maior parte deste crescimento ocorreu em áreas transformadas. Maior parte do estado registrou condições climáticas favoráveis, mas as zonas orientais e ocidentais conheceram um período seco prolongado. Certas áreas foram objeto de replantio e até suspensão da semeadura. O atraso na semeadura da soja poderá ocasionar o atraso na plantação da safra de inverno, particularmente no leste de Mato Grosso. A maioria das culturas encontra-se na fase vegetativa de desenvolvimento com vigor vegetal saudável.

Valorização das terras brasileiras por região (%) e preço de terras por região (R$/ha)

Fonte: Conab

No mercado internacional os preços se mantiveram na casa dos USD35 por saca, cerca de 16,5% acima do mesmo período do ano passado, que em novembro registrava preços em torno de USD30.

No cenário atual os estoques finais americanos aumentaram e atingiram 6 milhões de toneladas. A produção global foi essencialmente mantida no nível de outubro, situando-se neste momento em 390,5 milhões de toneladas. Um pouco mais de 1,5 milhões de toneladas foram adicionadas aos estoques finais globais nos últimos meses desse ano, elevando-o total para 102,2 milhões de toneladas.

Evolução do preço da saca de soja no porto de Paranaguá em R$

Fonte: Cepea | Indicador da Soja ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá. Novembro 2022.

Em âmbito nacional, o mercado da soja sentiu recentemente uma maior liquidez como resultado do aumento da demanda, particularmente do exterior. O aumento dos preços internacionais da soja bem como seus derivados, sustentaram os preços domésticos e atraíram os vendedores para novas negociações. O preço da saca em Paranaguá alcançou R$191,22 e está se mantendo acima dos R$185, devido a alta do dólar nas últimas semanas. A demanda externa e os preços internacionais elevados deram sustentação às exportações brasileiras, que somam 74,83 milhões de toneladas até o mês de outubro.

                                                                                                                                                                                                                                         

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Mercado brasileiro de fertilizantes https://2025.agbi.com.br/mercado-brasileiro-de-fertilizantes/ Tue, 11 Oct 2022 19:33:55 +0000 https://agbi.com.br/?p=3896 O consumo de fertilizantes no Brasil vem aumentando ao longo dos anos, puxado principalmente pelo plantio de soja e de milho no Centro-Oeste. Dada as características do solo, carente em potássio e fósforo, nota-se um aumento proporcionalmente maior desses dois insumos, quando comparado com as necessidades das plantas. O gráfico abaixo apresenta o consumo brasileiro […]

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O consumo de fertilizantes no Brasil vem aumentando ao longo dos anos, puxado principalmente pelo plantio de soja e de milho no Centro-Oeste. Dada as características do solo, carente em potássio e fósforo, nota-se um aumento proporcionalmente maior desses dois insumos, quando comparado com as necessidades das plantas.

O gráfico abaixo apresenta o consumo brasileiro de nitrogênio, fósforo e potássio de 1950 a 2020.

Principais players

Segundo levantamento publicado pela GlobalFert[1], em 2021, quatro empresas – Mosaic, Yara, Fertipar, e Fertilizantes Tocantins – detêm 86% do mercado de fertilizantes no Brasil. A Mosaic, a maior empresa de fertilizantes, possui market share de 28%. A Yara vem em segundo lugar com quase 23%. Em terceiro, está a Fertipar, com participação de 22%, seguida pela Fertilizantes Tocantins, com 13%. Os 14% restantes são divididos entre as demais empresas do setor.


[1] Plano Nacional de Fertilizantes 2050, Secretária especial de Assuntos Estratégicos

Esse arranjo do mercado local sugere a existência de uma estrutura onde um pequeno número de firmas ofertam grande parte dos produtos e por ter barreiras de entrada para outras empresas.

Essas barreiras de entrada existem por particularidades da própria indústria de fertilizantes que é intensiva em capital, intensiva em utilização de energia e ainda necessita de grandes volumes de matéria prima, o que aponta para necessidade de economia de escala[2]. Um mercado com essas características, possibilita o bloqueio de entrada de novas firmas, diminui o ritmo de inovação e provoca o aumento de preços.

Como já discutido em um artigo anterior, o conflito na Ucrânia provocou um aumento dos preços dos fertilizantes em todo o mundo. Posto isso, os desafios para o mercado interno brasileiro, dada a concentração de mercado na mão de algumas poucas empresas será ainda maior e mais pujante na cadeia.


[2] MCCORRISTON, Steve. The welfare implications of oligopoly in agricultural input markets. European Review of Agricultural Economics, v. 20, n. 1, p. 1-17, 1993.

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Valorização do mercado de terras tende a continuar nos próximos anos. https://2025.agbi.com.br/valorizacao-do-mercado-de-terras-tende-a-continuar-nos-proximos-anos/ Thu, 06 Oct 2022 14:38:55 +0000 https://agbi.com.br/?p=3859 Nos últimos anos, o aquecimento do mercado de comodities atrelado a quebras de safra devido a eventos climáticos, fez com que os níveis de preços de grãos disparassem mundialmente. No Brasil, juntamente com a evolução produtiva e a desvalorização cambial, a disparada gerou uma robusta demanda por terras agrícolas, levando os valores das demais áreas […]

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Nos últimos anos, o aquecimento do mercado de comodities atrelado a quebras de safra devido a eventos climáticos, fez com que os níveis de preços de grãos disparassem mundialmente. No Brasil, juntamente com a evolução produtiva e a desvalorização cambial, a disparada gerou uma robusta demanda por terras agrícolas, levando os valores das demais áreas rurais à mesma tendência. Este movimento está gerando dúvidas quanto à permanência do ciclo de alta por parte dos produtores, investidores e outros atuantes do mercado. Todavia, projeções de crescimento populacional e aumento de renda per capita, a escassez de oferta de áreas agriculturáveis, análises comparativas de preços entre regiões e países, e projeções da participação brasileira na produção e exportação de alimentos, trazem a expectativa de permanência dessa propensão altista nos preços.

De acordo com projeções das Nações Unidas, a população mundial deve chegar a 8,5 bilhões de pessoas em 2030 e 9,7 bilhões em 2050. Simultaneamente a esse comportamento, vem sendo observado um aumento contínuo da renda per capita, principalmente em países emergentes, o que correlaciona a uma maior demanda substancial de produtos agrícolas para suprir o compromisso de segurança alimentar no planeta. Os fatos de as projeções de demanda por essas comodities estarem em comportamento crescente e de que os imóveis rurais são precificados com base na matéria prima em atividade, corrobora para um cenário de sustentação do movimento de apreciação do mercado de terras nos próximos anos.

Em consequência do incremento do consumo mundial por alimentos, será essencial a ampliação de áreas de cultivo e a escassez de terras se tornará cada vez maior. De acordo com Ivo Marcon Brum*, diretor da SLC Agrícola, em entrevista para o Valor Econômico, será exigido um aumento de cerca de 60 milhões de hectares em áreas de plantio para abastecer a futura demanda alimentar. A grande problemática é que somente o Brasil e poucos lugares na África contam com essa disponibilidade de áreas, o que pode gerar uma grande procura por terras agrícolas nesses lugares, uma vez que terão de suprir os demais países com regiões altamente consumidoras.

Além disso, atualmente os preços de terras praticados no Brasil são consideravelmente menores em comparação aos dos EUA, quando comparado a sua atividade principal. De acordo com Ricardo Faria*: “Há terras no Brasil que estão pela metade do preço dos EUA, embora tenham o dobro da capacidade de utilização e um clima que possibilita duas safras e isso deve caminhar para um equilíbrio, com um hectare em Sapezal [MT] valendo tanto quanto em Illinois, e a terra do Baixa Grande do Ribeiro [PI] equivalendo ao hectare no Vale do Mississipi”. Como consequência podemos ver um aumento na concorrência para aquisição de terras no Brasil advinda de capital estrangeiro.

Por fim, o USDA projeta um crescimento das importações mundiais de soja de 26,7% entre 2021/22 e 2030/31, com a China respondendo por cerca de 79% do aumento projetado, e o Brasil atendendo cerca de 70% do aumento da demanda. Neste mesmo período, o USDA estima uma queda da participação americana no total de exportações de 34,2% para 29,5%, que será em boa parte tomado pelo Brasil, sendo esperado um crescimento de 36% nas exportações brasileiras no período e um aumento anual de 2,5% na área produtiva para a próxima década.

Levando-se em consideração a todos os aspectos apresentados, indubitavelmente o setor imobiliário rural é limitado fisicamente e apresenta procura latente para solucionar desafios mundiais. Ao restringir os pontos tratados sobre o mercado de terras brasileiro, identifica-se que o setor segue proporcionando resultados robustos para a economia brasileira e suas projeções de preços apontam um duradouro potencial de valorização. A procura por terras tende a ser incessante mesmo com a significativa valorização observada nos anos anteriores.

*https://valor.globo.com/agronegocios/noticia/2022/09/30/precos-das-terras-agricolas-devem-continuar-em-alta.ghtml

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Com o primeiro Fiagro Verde, AGBI tem fundo “Artigo 9” e padrão europeu de sustentabilidade. https://2025.agbi.com.br/com-o-primeiro-fiagro-verde-agbi-tem-fundo-artigo-9-e-padrao-europeu-de-sustentabilidade/ Tue, 20 Sep 2022 13:26:51 +0000 https://agbi.com.br/?p=3834 Em nível global, o mercado de sustentabilidade já alcançou o trilhão de dólares. Os fundos Artigo 9 ou “Fundos Verdes” são 470 bilhões de dólares, pelos cálculos da Morningstar. No Brasil, quem concede parecer de adequação ao Artigo 9 é a consultoria NINT (ex-Sitawi) que aponta que em 2021 as operações emitidas no país com […]

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Em nível global, o mercado de sustentabilidade já alcançou o trilhão de dólares. Os fundos Artigo 9 ou “Fundos Verdes” são 470 bilhões de dólares, pelos cálculos da Morningstar. No Brasil, quem concede parecer de adequação ao Artigo 9 é a consultoria NINT (ex-Sitawi) que aponta que em 2021 as operações emitidas no país com rótulo sustentável somaram R$ 86 bilhões. O caso da AGBI é o primeiro parecer de um Fiagro emitido pela NINT. Para receberem um parecer positivo, o Fiagro precisa seguir os parâmetros de diversas taxonomias, em particular da CBI e SFDR, e estarem comprometidos com princípios exigidos pelo mercado internacional, como por exemplo o comprometimento com a manutenção de florestas, a difusão de conhecimento da agricultura sustentável, o investimento responsável e a preservação do capital natural.

Nos últimos anos, a pauta ESG – que envolve a preocupação ambiental, social e de práticas de governança – chegou ao mercado financeiro com força, pautando decisões de investimento e ganhando espaço em uma das frentes basilares para sua consolidação rumo a um mundo ambientalmente sustentável. Apesar disso, no restante do mundo a imagem e reputação do agronegócio brasileiro tem sido prejudicada pelo aumento do desmatamento e queimadas. Para contornar esta imagem, a AGBI Ativos Reais buscou a certificação sustentabilidade mais reconhecida e rígida do mundo para reforçar o caráter sustentável do investimento em terras agrícolas no Brasil realizado pelo fundo AGBI III Carbon Fiagro FIP.

Além do fundo ter como estratégia a emissão de créditos de carbono, que serão certificados na Verra, a gestora preparou um manifesto sobre princípios de investimentos sustentáveis e assumiu compromissos rígidos neste seu 3º veículo de investimento para receber a denominação de Fundo Verde pelos critérios da Climate Bonds Iniciative (CBI) e a Sustainable Finance Disclosure Regulation (SFDR), padrão da União Europeia. Entre os compromissos assumidos pelo AGBI III Carbon Fiago FIP estão o desmatamento zero, a compensação dobrada para desmate após a promulgação do Código Florestal de 2012 e o uso de técnicas como IFLP e plantio direto nas suas propriedades.

Neste mês, a AGBI assumiu um compromisso público ao escrever um manifesto enumerando os princípios que entende que uma Fiagro Verde precisa seguir. O compromisso e manifesto visam reforçar que o Agro brasileiro pode ser reconhecido como sustentável. Na Europa o assunto de taxonomia e o uso do termo “Fundo Verde” ou “Fundo Artigo 9” é algo muito sério e por isso que estes foram os padrões buscados pela gestora. Como donos de terra, responsáveis pela sua função social e pela sua qualidade a longo prazo, já eram executadas nas fazendas investidas da AGBI praticamente todas as demandas da certificação, o que reforça a sustentabilidade do bom agronegócio. A formalização dos processos serve para fortalecer a percepção de que o Agro também é Verde. Não há concorrência entre o Agro e a sustentabilidade. Há complementariedade.

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Principais pontos da Abertura de Safra 2022/23 https://2025.agbi.com.br/principais-pontos-da-abertura-de-safra-2022-23/ Mon, 05 Sep 2022 20:27:05 +0000 https://agbi.com.br/?p=3827 No dia 29 de agosto, a equipe da AGBI participou do evento Datagro Abertura de Safra Soja, Milho e Algodão 2022/23 e parabeniza o Datagro e a Koppert pela organização e o enriquecimento das pautas que foram disponibilizadas no evento. A partir do que foi apresentado, montamos um resumo dos principais pontos tratados pelos palestrantes […]

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No dia 29 de agosto, a equipe da AGBI participou do evento Datagro Abertura de Safra Soja, Milho e Algodão 2022/23 e parabeniza o Datagro e a Koppert pela organização e o enriquecimento das pautas que foram disponibilizadas no evento. A partir do que foi apresentado, montamos um resumo dos principais pontos tratados pelos palestrantes em cada painel. Exibimos abaixo algumas informações relevantes mais correlacionadas à estratégia de investimento da gestora:

Cenários para economia mundial para a economia mundial e brasileira pós pandemia e expectativa para a taxa de cambio

A economia brasileira surpreendeu positivamente nesse ano, especialmente em relação a retomada da atividade com a diminuição das restrições de circulação. Apesar dessa retomada, há um desafio na parte fiscal a ser endereçado.

Em relação a comodities, foi apresentado um cenário de arrefecimento dos preços, porém, o patamar deve-se manter acima do período pré-pandemia.

Do lado de política monetária, espera-se a manutenção da trajetória de aumento da taxa de juros pelo FED, isso tornará os investimentos em dólar mais atrativos, quando comparado em outras moedas, por isso, trabalha-se com uma taxa de câmbio de equilíbrio de BRL/USD de 5,30.

Em relação a SELIC, estamos próximos da taxa terminal, o forecast é que os cortes no juro no Brasil comecem a partir do terceiro trimestre de 2023, terminando o ano de 2023 em 12%.

O Mercado de insumos para a safra 2022/2023

Há uma preocupação, por parte dos produtores, em relação a disponibilidade de defensivos químicos. A razão da preocupação é a cadeia produtiva desses insumos, que está concentrada na China. Durante a pandemia, a cadeia foi fortemente impactada. Na perspectiva da indústria, apesar da dependência do produto importado, o conjunto de planejamentos e processos de insumos está convergindo para normalidade. O maior desafio, hoje, para o produtor, seria na dimensão de custo, devido ao aumento de preços desses produtos.

Uma solução para alta dos preços dos defensivos químicos, seria utilização de biodefensivos, quando possível, uma vez que o Brasil já possui uma cadeia de produção dessa classe de defensivos. Uma vantagem é os custos de produção em reais, o maior desafio é a cadeia logística para os biodefensivos, que diferente dos químicos, possuem uma validade menor.

Em relação aos fertilizantes, a indústria se vê abastecida para safra 2022/2023, porém, para safra 2023/2024 há incertezas. A ponta de demanda (produtores), está aquecida a 3 anos consecutivos, impulsionada pelo aumento dos preços das comodities. O lado da oferta, apresenta o cenário mais desafiador, devido a questões geopolíticas envolvendo a Rússia e Bielorrússia, os dois maiores exportadores de fertilizantes.

Outro insumo, que muitas vezes não tem a sua importância devidamente evidenciada, é o calcário, fundamental para fixação dos fertilizantes no solo. Apesar da indústria estar bem estabelecida e contar com uma oferta ampla do insumo, os desafios para o produtor é a utilização na quantidade adequada na área de manejo.

Visão dos produtores e compradores de soja

A antecipação das vendas, por parte dos produtores, ainda está baixa devido ao ciclo da comodity. No momento, a prioridade desses produtores é finalizar a compra dos insumos para safra 2023/2024 e a expectativa é que, conforme avance a parte de estruturação dos custos, os produtores aumentem o apetite para fechar contratos de antecipação.

O maior desafio apontado, continua sendo na dimensão de custos, a ponta mais evidente, é o aumento do preço dos insumos, porém, um ponto que talvez nem todos os produtores estão equacionando nesse momento, será o do frete.

Devido a uma postura mais conservadora, a percepção dos fornecedores é que os produtores estão comprando o estritamente necessário no momento, conforme a temporada avance, as compras também tendem a avançar. Esse movimento faz surgir o desafio da movimentação física desses insumos, devido ao mercado de frete apertado.

As tendências para a produção, consumo, preços e comercialização de soja, milho.

Para a próxima safra, deve-se atentar a dois pontos muito relevantes que podem influenciar significativamente na margem dos produtores. O primeiro ponto é sobre a formação de La Nina na primavera e início de verão, o que gera muita preocupação para lavouras na região Centro – Sul. O outro fator relevante é referente aos custos de produção que estão muito maiores ao ser comparado com os dos últimos anos.

Em relação a soja, espera-se um plantio em uma área de aproximadamente 3% maior do que a última safra, totalizando um total estimado de 43 milhões de hectares. Esse aumento de área trará o recorde de plantio pelo 16° ano seguido.

Um bom nível tecnológico é esperado para a safra 2022/23, uma vez que será necessário performar com alta produtividade em um ano em que os altíssimos custos de produção afetarão as margens dos produtores. Em paralelo, as chuvas no Centro-Norte do país tendem a colaborar com a produção e é esperado um aumento de 20% no nível produtivo do país, subindo de 126,6 milhões de toneladas para 151,8 milhões.

Quanto ao preço da oleaginosa o qual ainda se encontra em patamares elevados, acredita-se na possibilidade de aumentos até o final de janeiro e, a partir desse período, a tendência é de estabilização, passiva de leve correção.

Para o milho, a área de verão reduziu em 2% para 4,5 milhões de hectares. Por outro lado, um incremento potencial da produção de aproximadamente 3% é esperado, alcançando 25,8 milhões de toneladas. Essa evolução é derivada de boa tecnologia nas lavouras. Na safra de inverno, a área pode aumentar cerca de 4%, para 18,7 milhões de hectares e a produção é estimada em 94,6 milhões de toneladas. No total, projeta-se uma área recorde de 23,2 milhões de hectares (+2%) e uma produção de 120,5 milhões de toneladas (+3).

Assim como no preço da soja, as cotações do milho tendem a variar positivamente após a pressão da safra de inverno. Tanto para soja, quanto para o milho, os níveis de estoques finais estadunidenses estão apertados. Além disso, eventos climáticos como a La Nina podem impedir a safra cheia em estados centrais do território dos Estados Unidos, diminuindo a oferta e aumentando os preços na bolsa de Chicago.

No mercado interno, a tendência para 2023 aponta margens médias maiores, porém abaixo de 2022. Como pontos favoráveis temos os produtores capitalizados, preços de Chicago acima da média com a crise da covid contornada, câmbio ainda em patamar histórico elevado, boa expectativa para o setor de carnes no Brasil, aumento da mistura do biodiesel, estoques de ingresso apertados e uma demanda mais firme do que a observada em 2022.

Em contraste, os pontos desfavoráveis para 2023 são os custos de produção, CBOT abaixo de 2022, prêmios também abaixo de 2022 (com safra cheia), câmbio instável e mais baixo sobre 2022 (com manutenção da política econômica) e uma nova preocupação com o clima no Centro-Sul. Apesar de todos os desafios, o Agro brasileiro continua forte e em franca expansão, superando desafios geopolíticos e macroeconômicos e auxiliando para o crescimento da produção interna do país.

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Breve histórico dos Acordos Climáticos e sua influência para o mercado de Carbono Global https://2025.agbi.com.br/breve-historico-dos-acordos-climaticos-e-sua-influencia-para-o-mercado-de-carbono-global/ Fri, 26 Aug 2022 21:17:40 +0000 https://agbi.com.br/?p=3823 RIO 92 O Brasil pode ser considerado o país dos acordos mundiais do meio ambiente. Em 1992, na cidade do Rio de Janeiro, foi realizado o primeiro acordo climático do mundo. Naquele momento foi fundada a Convenção das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, a UNCCC na sigla em inglês.  O compromisso foi voluntário e não […]

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RIO 92

O Brasil pode ser considerado o país dos acordos mundiais do meio ambiente. Em 1992, na cidade do Rio de Janeiro, foi realizado o primeiro acordo climático do mundo. Naquele momento foi fundada a Convenção das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, a UNCCC na sigla em inglês.  O compromisso foi voluntário e não aderido por todos os países (somente por 172 do total de 175 participantes), mas foi o primeiro passo na direção e um acordo global climático. Isso fez da Rio92 a COP 0.

Protocolo de Kyoto

Em 1997 o mundo observava esperançoso a assinatura do primeiro compromisso global de redução de gases de efeito estufa, o Protocolo de Kyoto. Sob Kyoto, os países desenvolvidos teriam alvos e prazos para redução de emissões dos gases de efeito estufa. Já países em desenvolvimento que representavam 80% do mundo, mas notadamente Brasil, Índia e, especialmente, China não teriam alvos e prazos. Com a ratificação de 55 nações, que em conjunto são responsáveis por 55% das emissões de gases de efeito de estufa, o Protocolo de Kyoto entrou em vigor em 2005.

Os defensores do Protocolo de Kyoto, citam como principais conquistas o consenso de que o assunto deveria ser adereçado globalmente. Se o principal sucesso foi a ideia de que era necessário um esforço global coordenado, dá para se imaginar que a execução desta coordenação foi um fracasso. Desde declarações exageradas de emissões para facilitar reduções, até falta de compromisso dos países não desenvolvidos fizeram com que o volume de gases de efeito estufa aumentassem nos anos que seguiram. Não obstante, de fato ele serviu como teste e lição para a elaboração do Acordo de Paris em 2015.

Acordo de Paris

As metas e prazos são um compromisso determinado por cada nação, de livre e espontânea vontade (Nationaly Determined Contributions, NDCs), o que reduz resistência interna à uma imposição internacional. Também demonstra a consciência de todos quanto a necessidade da redução de emissão de gases de efeito estufa. No total, 195 países se comprometeram com as reduções. Além disso, o acordo desencadeou, indiretamente, o surgimento de iniciativas no setor privado para entender como os investidores poderiam se alinhar a ele e engajar com as empresas investidas no mesmo tópico. Os principais produtos do Acordo de Paris foram o Global Reporting Initiative (GRI), o Value Reporting Foundaiton (VRF) e o CDP.

O foco do Acordo de Paris sempre foi a transparência e, em uma negociação que finalmente tomou corpo na discussão do Artigo 4 em 2021, o mercado global de carbono. Este mercado global de carbono deveria substituir os mecanismos de desenvolvimento limpo (CDM), proposto no protocolo de Kyoto. Nos mecanismos de desenvolvimento limpo, um país poderia financiar o desenvolvimento de projetos que sequestram carbono ou reduzem emissões, bem como absorver estas emissões ou reduções para a sua contabilidade. Desta forma, os países ou agentes que não consigam reduzir ou absorver emissões podem compensar as suas emissões. Esta inovação abria uma grande fonte de financiamento para desenvolvimento sustentável, mas trazia consigo desafios metodológicos e de contabilização.

COP26 e o Mercado Global de Carbono

Não à toa, o Acordo de Paris teve seu foco na transparência e no alinhamento metodológico entre todos os participantes. A partir de 2021 na COP26 em Glasgow, o esforço da comunidade internacional passou a ser em convergir metodologias. Esse esforço culminou em um Livro de Regras de Paris que permita que todas as emissões no mundo sejam medidas de forma similar, permitindo que sejam comparáveis e compensáveis, é no início da consolidação de diversos mecanismos de metodologias que haviam brotado na última década. Com isso, espera-se que o mercado mundial de carbono possa se tornar mais líquido e mais abrangente, além de servir de base para legislações nacionais alinhadas com os parâmetros internacionais. Não obstante, o desafio de convergência é grande, devido à variedade de formas de se contabilizar e medir sequestro, absorção e redução de emissões de gases de efeito estufa.

Em toda essa trajetória de mudanças, melhorias e contribuições para uma agenda climática mundial começando pelo Rio de Janeiro, passando por Kyoto, indo a Paris e Glasgow é importante notar que, além dos acordos internacionais e dos mercados que se propõe a regular por ações nacionais e internacionais, há um amplo mercado de carbono voluntário que em 2021 chegou a USD 2 bilhões. Neste mercado, agentes fazem geração de créditos de carbono e a comercialização destes créditos de forma inteiramente voluntária. O mercado é amplo e variado e já conta com algumas certificadoras de renome e reconhecimento global como a The Gold Standard e a Verra, além disso esse mercado está em constante expansão e inúmeros certificadores e tipos diferentes de créditos vem surgindo. Por sua natureza voluntária e pouco fiscalizada, o mercado é crescente, porém heterogêneo. Espera-se que haja uma conversão destes mercados com o advento da regularização de um mercado global através dos acordos internacionais e mercados regulados nacionais, mas só saberemos ao certo como o mercado irá evoluir quando tivermos mais clareza do nível de aderência mundial ao Acordo de Paris.

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Sale & Lease Back no Campo https://2025.agbi.com.br/sale-lease-back-no-campo/ Mon, 01 Aug 2022 19:18:03 +0000 https://agbi.com.br/?p=3309 Grande parte dos FIAGRO’s, recentemente lançados no mercado de capitais, vem embasado em uma tese antiga que foi praticada por muitos no ambiente de fundos e veículos de investimento imobiliário urbano e agora está sendo transportada para o setor agro no país: o Sale and Lease Back (SLB). Neste mecanismo, uma parte vende um ativo […]

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Grande parte dos FIAGRO’s, recentemente lançados no mercado de capitais, vem embasado em uma tese antiga que foi praticada por muitos no ambiente de fundos e veículos de investimento imobiliário urbano e agora está sendo transportada para o setor agro no país: o Sale and Lease Back (SLB). Neste mecanismo, uma parte vende um ativo para a outra parte que, ao comprar, arrenda (aluga) de volta para o vendedor. Desta forma, o vendedor consegue um influxo de caixa no momento zero e paga de volta ao comprador o dinheiro na forma de arrendamento, obviamente que acumulado de juros.

Para entender e debater SLB rural como forma de financiamento de fazendeiros, é importante esclarecer que o agronegócio brasileiro já é bem servido, em grande parte, por linhas de crédito dos bancos públicos e tradings, como por exemplo o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural), Inovagro e PCA (Programa de Construção e Ampliação de Armazéns). Essas linhas de fomento em grande parte são despendidas pelos bancos públicos e são subsidiadas. Com elas, os produtores têm a oportunidade de levantar recursos a uma taxa atrativa para produção, maquinário ou até mesmo para construção de algumas benfeitorias como armazéns graneleiros.

Isso posto, alguns questionamentos surgem: por que o fazendeiro iria recorrer a um SLB com tantas alternativas? Ou então, como um fundo que não tem o histórico, estrutura ou capilaridade dos bancos públicos consegue identificar e selecionar os tomadores de crédito que não estão sendo atendidos por esses bancos? Estes questionamentos ainda abrem espaço para outras dúvidas ou preocupações que, deveriam estar no radar dos investidores: por qual motivo um agricultor daria em garantia sua fazenda a um fundo, ao invés de realizar a operação com as taxas incentivadas dos bancos públicos? Seria falta de comprovação de saúde e capacidade financeira e por não conseguir aprovação em operações de crédito com os bancos?  

Ademais, em caso de default por parte do agricultor, como será a entrega da fazenda, no que tange ao estado de conservação e capacidade produção? Esse Fundo que realizou o SLB rural foca em gestão e expertise em crédito ou também saberá operar uma fazenda e transformá-la em algo solvente e positivo?

Notícias recentes nos mostram que alguns FIAGROs de “papel” (e seus investidores) já começaram a enfrentar problemas. No mês de junho, um FIAGRO, listado na B3, viu um de seus operadores entrar em recuperação judicial. Esse operador representava mais de 20% da carteira do Fundo.

Na AGBI, gestora focada no investimento em ativos reais, que atua de forma ativa no investimento em terras rurais e que possui extenso e comprovado track record no mercado, focamos na transformação imobiliária rural de forma sustentável. Nosso processo de seleção de ativos (fazendas) é realizado de forma diligente, pois entendemos que a etapa de identificação e seleção (originação) é o cerne da estratégia e o que irá gerar retornos consistentes para os cotistas.

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O crescimento contínuo dos preços de terra leva mercado a buscar oportunidades cautelosamente. https://2025.agbi.com.br/o-crescimento-continuo-dos-precos-da-terra-leva-mercado-a-buscar-cautelosamente-oportunidades/ Mon, 25 Jul 2022 18:26:18 +0000 https://agbi.com.br/?p=3287 A dinâmica dos preços do mercado imobiliário rural continuou a aumentar no trimestre abril-junho, com o preço médio da terra no Brasil alcançando R$23.160,79 por hectare, 45,77% superior à média verificada em 2021 e 4,51% maior à referência para o primeiro trimestre de 2022. O indicador de terras para produção de cereais em áreas destinadas […]

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A dinâmica dos preços do mercado imobiliário rural continuou a aumentar no trimestre abril-junho, com o preço médio da terra no Brasil alcançando R$23.160,79 por hectare, 45,77% superior à média verificada em 2021 e 4,51% maior à referência para o primeiro trimestre de 2022.

O indicador de terras para produção de cereais em áreas destinadas à atividade agrícola foi de R$ 52.368,37 por hectare, mais 42,65% do que a média para 2021, que era de R$ 36.700,53. Já as terras de pastagem brasileiras custaram R$ 12.928,35 por hectare no segundo trimestre de 2022. As regiões em pasto de baixa capacidade produtiva ofereceram, em média, R$ 10.494,83 por hectare, enquanto as pastagens de alta capacidade, R$ 16.239,57 por hectare.

Fonte: Informa FNP, adaptado AGBI (Abril – Junho de 2022)

O aumento dos preços das mercadorias e o aquecimento do mercado em algumas regiões do Brasil desde o encerramento de 2019, quando os relatos de intenções de aquisição ou realização de negócios se tornaram mais uma vez generalizados, contribuíram ambos para a tendência altista do valor das propriedades rurais.

Nas colheitas das safras de 2020/21 e 2021/22, a rentabilidade da produção de cereais foi recorde, o que encorajou o desenvolvimento da área e resultou em um aumento dos preços da terra. Para a próxima safra 2022/23, a continuação dos elevados preços de venda de mercadorias tende a permitir uma rentabilidade acima da média, apesar de um aumento dos custos de produção de cereais.

Concomitantemente, todos os tipos de uso e ocupação da terra sofreram grandes mudanças de preços. As áreas agrícolas tiveram uma variação nominal de 110,46%, o gado teve uma variação de 62,02%, a reflorestação teve uma variação de 81,59%, e a vegetação nativa teve uma variação de 24,38% ao comparar os indicadores de preços médios em 2019 e a média no segundo trimestre de 2022.

O mercado tem demonstrado aversão à condução dos negócios aos níveis de preços atuais, e tem-se notado uma diminuição de liquidez no campo. O crédito tornou-se mais caro quando a taxa básica de juros (Selic), que anteriormente tinha atingido um mínimo histórico de 2% em 2020, foi aumentada para os atuais 13,25%. Embora a níveis apropriados, os custos de insumos e fertilizantes, que também são historicamente elevados, impactaram as margens de produção. As próprias ações de interesse de compra ou a procura persistente de perspectivas comerciais no mercado, ajudam a manter a estabilidade dos preços das zonas rurais, favorecendo as expectativas de efetivação de negócios.

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